Estou voltando de Jacareacanga. Nesse exato momento pego um barco de Itaituba para Santarém. Nunca tinha viajado de barco. Estou gostando da tranquilidade, o que há algum tempo não tinha.
As redes uma por cima da outra me lembram a casa da dona Altamira em tempos de férias, quando todos os meus tios, junto com as esposas, ex-esposas, filhos, filhas, agregados, agregadas, cunhadas, cunhados, amigos, periquito, cachorro e papagaio aparecem por lá. Lembro quando a gente morava no apartamento, lá no Norte Brasileiro. Os quartos pequenininhos e todo mundo emboletado.
Depois que nos mudamos para a casa, há quase 10 anos, até que melhorou. Aumentou o espaço. Mas, sabe, acho que o povo lá de casa gosta é mesmo é de ficar tudo junto. Mesmo com a casa enorme todo mundo fica no mesmo quarto, todo mundo junto conversando até tarde.
Todas as férias é mesma coisa. Um por cima do outro igualzinho o barco onde tô agora.
As vezes sinto saudade da casa da vovó em tempo de férias. Ela faz "batido" pra todo mundo. Sabe o que é "batido"? É um prato nobríssimo que a vovó faz. Ela bate a clara no garfo durante um tempão. Se tu chegar e olhar para ela batendo, a veinha diz: "Sai daí, menina! Olhando o ûvo num cresce".
Aqui no barco tem um aviso na parede que diz: "Proibido casais na mesma rede". Sabe, fiquei me perguntando por quê. Será que tem alguma explicação sobre o peso ou é puro moralismo mesmo? Acho que isso é coisa de quem não gosta de ver a felicidade dos outros, sério mesmo.
Juro que fiquei na dúvida. Se tiver alguma pista dá um alô ou escreve uma carta.